Na minha pele - Lázaro Ramos | Resenha ☆☆☆☆

"Na Minha Pele" é uma obra que, à primeira leitura, se apresenta como um convite sincero para mergulhar nas complexidades de uma identidade marcada pelo tempo, pela história e, sobretudo, pela cor. Lázaro Ramos nos conduz com maestria por um percurso de autoafirmação e introspecção, onde cada palavra carrega o peso e a leveza de experiências vividas em um país que ainda debate o que é, de fato, ser negro.

Como mulher negra, sinto que a leitura se torna ainda mais instigante. O autor expõe, com uma franqueza encantadora e uma dose saudável de humor, os desafios e os encantos de ter a pele como herança e símbolo. Apesar de sua perspectiva masculina, a narrativa ressou de maneira profunda em mim – e, certamente, em outras mulheres negras – pois muitos dos dilemas e celebrações que ele descreve são universais entre nós. A sensação de ser constantemente convidada a repensar padrões de beleza impostos, ou a se ver espelhada em representações que nem sempre nos refletem por inteiro, ganha uma nova dimensão ao ver sua jornada de aceitação se desdobrar diante dos nossos olhos.

Lázaro não se esquiva das verdades incômodas: ele fala sobre os preconceitos, os olhares tortos e a luta diária para ocupar espaços que historicamente foram negados aos negros. Mas, ao mesmo tempo, sua escrita é um hino à resistência e à beleza inerente de ser quem se é – uma verdadeira celebração da diversidade, da ancestralidade e da força que pulsa em cada um de nós. E é nesse equilíbrio entre o amargo e o doce, entre o riso e a lágrima, que o livro se torna um espelho para a nossa própria experiência.

A linguagem utilizada é envolvente e acessível, como se estivéssemos compartilhando confidências entre amigos, debatendo, rindo e, por fim, reafirmando nossa identidade com orgulho. Em "Na Minha Pele", a cor não é apenas um atributo físico, mas um símbolo de resistência, de autenticidade e de um legado que merece ser exaltado.

Ler este livro é como participar de uma conversa íntima sobre as nuances da nossa existência, onde o autor, com sua vivacidade singular, nos lembra que, apesar dos desafios impostos por uma sociedade ainda excludente, há uma beleza inegável em cada traço da nossa pele. É um convite a olhar para dentro, a questionar e, principalmente, a celebrar a nossa singularidade. Em suma, "Na Minha Pele" se apresenta não só como uma obra literária, mas como uma ferramenta de empoderamento e de afirmação, especialmente para aqueles de nós que, diariamente, se reinventam e brilham com a força de sua ancestralidade.