Sede de Me Beber Inteira | Resenha ☆☆☆

“Sede de Me Beber Inteira” é uma obra que não tem medo de olhar para dentro, de revelar suas cicatrizes e desejos mais profundos. Liana Ferraz constrói, com suas palavras, uma obra visceral, com uma pulsão que percorre o corpo e a mente do leitor. Cada verso é uma carícia que, ao mesmo tempo, pode queimar e curar, conduzindo quem a lê por um universo de sensações que flertam com a complexidade da alma humana.

A autora, com sua escrita precisa e intensa, faz com que a sede no título da obra seja um reflexo de várias coisas: da busca por si mesma, da necessidade de amar e ser amada, da urgência do querer e do ser. Ao longo do livro, ela não só dá voz a essa sede, como também a torna um personagem, algo que pulsa e exige ser saciado a todo momento. As palavras de Liana têm a capacidade de te atravessar de forma abrupta, mas também te abraçam com a suavidade de quem sabe exatamente o que significa ser inteiro e ao mesmo tempo fragmentado.

O que mais impressiona é a construção poética e a musicalidade do livro. Os versos são, por vezes, duros e cortantes, como facas que incidem nas nossas feridas mais profundas. Mas também são suaves e sensíveis, como um olhar que acaricia. Liana Ferraz não tem medo de explorar os extremos de emoções humanas, e essa dualidade faz com que sua poesia seja arrebatadora. Ela não se permite ser fácil nem previsível. Ao contrário, é na instabilidade e na flutuação de suas palavras que ela encontra a verdadeira beleza.

A obra aborda temas complexos como o desejo, a solidão, a feminilidade, a vulnerabilidade, o amor e o autocuidado, sem nunca cair na tentação de ser clichê. Há uma busca incessante pela autenticidade, uma vontade de se entregar sem reservas, mas também de se proteger. "Sede de Me Beber Inteira" não trata apenas do amor que se entrega ao outro, mas também do amor próprio, do desejo de ser completo, do prazer de se descobrir, de se tornar inteira e, em muitos momentos, de se reconstituir.

O uso do corpo como metáfora e tema é outro ponto que se destaca na obra. Liana fala do corpo com a naturalidade de quem o conhece profundamente, sem pudor e sem censura, tornando o livro um convite à sensualidade e ao reconhecimento do próprio corpo como um território de prazer e dor. Cada poema é como uma viagem, onde o corpo e a alma se misturam e se diluem, criando algo único e poderoso.

Há também uma aura de intensidade emocional que percorre o livro. Liana explora a tensão entre o querer e o não poder, o amor e a ausência, o ter e o perder, de maneira que o leitor é transportado para dentro desse turbilhão de sentimentos. Cada poema é uma confissão, uma entrega, mas também um questionamento. A busca por se beber inteira é, talvez, uma busca por aceitação, por ser completa, mas também por entender que a sede, por mais que tentemos saciar, nunca desaparece completamente.

“Sede de Me Beber Inteira” é uma obra de múltiplas camadas, que exige do leitor não apenas uma leitura, mas uma vivência. Cada poema é um convite a explorar as profundezas do ser humano, com todas as suas contradições, inquietações e belezas. Liana Ferraz nos dá uma poesia que é ao mesmo tempo pessoal e universal, capaz de tocar diferentes sensibilidades, de fazer com que o leitor se enxergue nas palavras dela, mas também se perca naquilo que é novo, inesperado e arrebatador.

Se você procura uma poesia que seja ao mesmo tempo crua e bela, que te faça questionar, sentir e refletir, Sede de Me Beber Inteira é a obra perfeita. Prepare-se para uma experiência literária que vai deixar marcas profundas, como o gosto amargo e doce de um bom vinho: difícil de esquecer, mas impossível de não querer beber de novo.