A Árvore Mais Sozinha do Mundo | Resenha ☆☆☆
- Mih Moraes

- 20 de mar.
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de mar.
A Árvore Mais Sozinha do Mundo é uma obra que nos faz refletir sobre a solidão e as complexas relações que se estabelecem quando estamos imersos nela. Mariana Salomão Carrara nos conduz por uma história que mistura ficção e realidade com uma escrita sensível, que, por vezes, envolve, mas também se perde em alguns momentos, tornando-se um pouco arrastada.
A trama gira em torno de personagens que, de alguma forma, estão desconectados do mundo ao seu redor. A principal protagonista, uma mulher que está em busca de um sentido para sua vida, encontra consolo na natureza, especialmente em uma árvore solitária que simboliza sua própria solidão. A árvore, como metáfora da condição humana, é o ponto de fuga, mas também o reflexo da imensidão e do vazio que muitos carregam dentro de si.
O enredo tem uma profundidade emocional que, por vezes, se revela um pouco densa, sem muita ação, o que pode desmotivar alguns leitores. No entanto, é impossível não se envolver com a construção psicológica das personagens, que são cheias de nuances e ambiguidade. O livro provoca uma sensação de desconforto, mas também de identificação, principalmente para quem já sentiu, em algum momento, o peso da solidão.
A escrita de Mariana é delicada, mas com um ritmo que oscila entre momentos poéticos e passagens mais lentas. A sensação de isolamento que ela transmite é palpável, o que é um ponto positivo, mas a história parece esticar um pouco demais, tornando-se um tanto repetitiva.
No fim, A Árvore Mais Sozinha do Mundo é uma leitura válida, mas que exige paciência e uma boa dose de introspecção. A solidão e as suas muitas faces são abordadas de maneira profunda, porém o livro deixa a sensação de que poderia ter sido mais cativante se tivesse um ritmo mais equilibrado. Para quem aprecia narrativas mais introspectivas e está disposto a se perder nos próprios pensamentos, o livro pode ser um bom companheiro.
Dicas da Mih
Deixo aqui outros livros com a mesma temática e que podem te encantar também :)
Geovani Martins, um autor brasileiro contemporâneo, nos oferece uma narrativa cheia de sentimento e reflexão sobre a vida urbana e a busca por identidade. Em O Sol na Cabeça, os personagens lidam com questões de solidão e pertencimento em meio ao caos da cidade. Assim como em Carrara, há um mergulho no psicológico humano, mas com uma narrativa mais crua e realista.
Embora Saramago não seja brasileiro, Ensaio Sobre a Cegueira é uma obra poderosa que pode ressoar com os temas de solidão e reflexão profunda sobre a condição humana que Carrara aborda. No livro, uma epidemia de cegueira atinge uma cidade inteira, e a história acompanha o isolamento e a luta pela sobrevivência dos personagens, com uma crítica à alienação e ao vazio da sociedade moderna.
Clarice Lispector é uma autora que, como Mariana Salomão Carrara, mergulha nas profundezas psicológicas de seus personagens. A Hora da Estrela traz a história de Macabéa, uma mulher aparentemente sem grandes acontecimentos na vida, mas que revela, através da escrita introspectiva de Clarice, uma reflexão profunda sobre a solidão e a busca por significado em um mundo que parece indiferente. Assim como em Carrara, o livro oferece uma escrita delicada, mas perturbadora, que questiona a vida e a existência de maneira intensa.
Embora A Casa dos Budas Ditosos tenha uma abordagem mais sensual e focada na narrativa de uma mulher mais madura, o livro compartilha com A Árvore Mais Sozinha do Mundo a exploração das emoções humanas, das contradições internas e da solidão existencial. A protagonista, ao relembrar sua vida, se vê em uma busca constante por respostas para o vazio que sente, o que conecta bem com os temas de introspecção e solidão tratados na obra de Mariana Salomão Carrara.










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