Amêndoas | Resenha ☆☆☆☆
- Mih Moraes

- 30 de mar.
- 3 min de leitura
Amêndoas é um livro que toca profundamente a alma. A primeira coisa que me vem à mente é a leveza com que a autora, Won-Pyung Sohn, trata de temas pesados, como a solidão, a exclusão e o autoconhecimento. A história gira em torno de Yunjae, um jovem de 16 anos com um transtorno de espectro autista, que se vê desafiado a lidar com um mundo que muitas vezes o ignora, ou até o rejeita, por simplesmente ser quem é.
O enredo é simples, mas as emoções são complexas e poderosas. Yunjae não tem grandes expectativas para a vida, e é fascinante como, a cada página, ele começa a entender um pouco mais sobre si mesmo e sobre as pessoas ao seu redor. Sua história é uma jornada de aceitação e de superação, um processo que, embora gradual, se torna tocante pela sua honestidade. A relação dele com a mãe, que também carrega suas próprias dificuldades emocionais, é cheia de silêncios, mas também de uma doçura sutil.
A forma como a autora descreve o desenvolvimento de Yunjae me fez refletir sobre como é fácil passar por cima de pessoas que não se encaixam nos padrões sociais. O livro nos lembra que, por mais que às vezes o mundo pareça imenso e incompreensível, existem momentos em que a verdadeira conexão ocorre de maneiras inesperadas.
A metáfora das amêndoas, que são tão amargas por fora e doces por dentro, é tão simbólica para a narrativa que, ao final, me senti com uma sensação agridoce, quase como se eu também tivesse amadurecido junto com os personagens.
O que mais me cativou foi a construção das emoções dos personagens. Em nenhum momento você sente que está sendo manipulado para sentir algo; é tudo muito genuíno e real. Não existe uma solução rápida para os problemas de Yunjae, mas há crescimento e um belo reconhecimento de que, embora a vida nem sempre seja fácil, ela pode ser cheia de momentos que valem a pena, por mais simples que sejam.
"Amêndoas" não é só um livro sobre autismo ou sobre dificuldades sociais, é um livro sobre humanidade, sobre o que nos torna humanos, sobre as lacunas entre nós e o que significa ser compreendido. É, para mim, uma leitura que ficou marcada, não pela profundidade das palavras, mas pela profundidade do que elas tocam em quem lê.
É aquele tipo de livro que, mesmo depois de terminado, continua ecoando na mente e no coração. Uma leitura que abraça a alma e faz a gente olhar para o próximo com mais empatia e carinho.
Dicas da Mih
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