As irmãs Blue | Resenha ☆☆☆☆☆
- Mih Moraes
- 15 de abr.
- 2 min de leitura
Ah, esse livro. Que montanha-russa de sentimentos e silêncios barulhentos! As Irmãs Blue me pegou pela mão com doçura, mas logo depois me arrastou por tempestades internas que não pedi — e ainda assim agradeço por ter vivido.
Coco Mellors escreve como quem sussurra verdades duras com um batom borrado e uma xícara de chá forte entre os dedos. A história gira em torno de três irmãs que, à primeira vista, poderiam até parecer arquétipos: Avery a irmã sensata, Lucky a rebelde, Bonnie a misteriosa. Mas não se engane. Cada uma delas carrega um universo tão denso e vibrante que é impossível não se ver refletida em alguma rachadura ou gesto terno.
Elas são unidas por um amor quase selvagem, daquele que machuca e cura ao mesmo tempo. O luto e os traumas que enfrentam poderiam ter quebrado qualquer laço, mas ali, no meio dos escombros emocionais, elas constroem pequenas pontes. Tênues, sim, mas verdadeiras. E isso me pegou em cheio.
A escrita é cinematográfica, intensa, quase tátil. Em certos momentos, eu sentia o cheiro de cigarro e o calor dos abrigos improvisados onde elas se escondiam do mundo. Em outros, era só o silêncio – aquele tipo de silêncio que só existe entre quem se ama muito e não sabe como dizer.
Esse não é um livro para quem busca respostas fáceis ou finais redondinhos. É sobre o caos da família, sobre o que significa ser mulher, ser irmã, ser filha — e, sobretudo, sobre como seguimos em frente mesmo quando tudo parece desabar. Com raiva, com carinho, com humor ácido, com memórias que pesam… e, ainda assim, com amor.
No fim, fechei o livro com lágrimas nos olhos e vontade de ligar para minhas irmãs de vida — sejam elas de sangue ou não.
Dicas da Mih
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Se você curte histórias que misturam dor, afeto, raiva e resistência feminina num clima mais sombrio, esse livro de contos vai te pegar. Mulheres que queimam, literalmente e metaforicamente. Um soco poético no estômago.
Essa história escava as relações humanas com uma delicadeza brutal. Não são irmãs, mas o elo entre Connell e Marianne lembra muito a complexidade e intensidade das relações em As Irmãs Blue. Diálogos não ditos, silêncios carregados e muito sentimento cru.
Um livro curto e impactante sobre uma mulher que decide parar de comer carne — e com isso, desafia toda a estrutura patriarcal da sua vida. Tem a mesma sensação de inquietação e beleza inquietante que a Coco Mellors entrega.
Um mergulho íntimo nas relações familiares, com camadas profundas sobre identidade, luto e afeto entre pai e filho negro. A escrita é lírica, densa e absolutamente linda. Um livro que te transforma enquanto você lê.
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