Os Malaquias | Resenha ☆☆☆
- Mih Moraes
- 21 de mai.
- 2 min de leitura
Sabe aquele livro que te deixa com sentimentos misturados? Foi assim comigo e Os Malaquias. A escrita da Andréa Del Fuego é, sem dúvida, encantadora — ela tem uma habilidade sensível de observar o mundo, de costurar o cotidiano com toques quase mágicos, e isso me pegou de jeito logo nas primeiras páginas.
A história dos irmãos Malaquias, marcados por uma tragédia repentina, tem uma força silenciosa. É uma narrativa que fala de perda, de silêncio, de sobrevivência emocional. Mas também de como a vida insiste em seguir, mesmo quando a gente ainda está parado por dentro.
Apesar da beleza da linguagem e da proposta ousada da autora, a leitura me pareceu, em alguns trechos, um pouco distante. Senti falta de um mergulho mais profundo nas emoções dos personagens — talvez porque eu, como uma leitora muito movida por afeto e densidade emocional, não consegui criar aquele laço forte que me faz abraçar o livro até depois da última página.
Ainda assim, reconheço a importância da obra, principalmente como estreia. Andréa abriu um caminho potente com essa história e tem uma voz única na literatura brasileira contemporânea. Só que, pra mim, Os Malaquias foi mais brisa do que vendaval.
Leitura válida, sem dúvidas. Daquelas que, mesmo que não tenham te arrebatado, deixam uma sementinha plantada ali dentro. E você? Já leu? Me conta como foi sua experiência, porque sei que esse livro ressoa de formas muito diferentes em cada pessoa.
DICAS DA MIH
Deixo aqui outros livros com a mesma temática e que podem te encantar também :)
Um canto ancestral que reverbera. Ambientado também no interior do Brasil, traz personagens fortes, feridas antigas e uma escrita que mistura beleza e brutalidade com maestria. Tem um ritmo semelhante e aquele peso emocional que te deixa pensando por dias.
Mistura de realismo mágico, história e ancestralidade. Micheliny, assim como Andréa, escreve com uma sensibilidade afiada. Aqui, a violência colonial é tratada com lirismo e dor, evocando imagens poderosas e questionamentos profundos. Uma leitura que não pega leve, mas vale cada linha.
Um pouco mais leve, mas ainda dentro desse universo de realismo mágico e interior nordestino. Um jovem escuta vozes de santos vindas de dentro de uma cabeça de gesso e embarca numa jornada de reconexão com a própria história. Tem humor, tem crítica social, tem lirismo. É um primo mais sonhador dos Malaquias.
Aqui, o tom é mais urbano e autobiográfico, mas compartilha com Os Malaquias essa abordagem intimista da vida em transformação. É o retrato cru e comovente da experiência de um pai diante do nascimento de um filho com síndrome de Down. Dolorido, humano e sem firulas.
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