Freedom is a Feast | Resenha ☆☆☆
- Mih Moraes

- 22 de mai.
- 2 min de leitura
Alejandro Puyana nos serve um banquete amargo — e absolutamente necessário. Freedom is a Feast é um romance que mastiga as entranhas da ditadura, engole a memória coletiva da Venezuela e nos obriga a saborear, com lentidão, a luta por liberdade em tempos de escuridão. Mas esse não é um livro sobre política apenas. É um livro sobre gente. Gente que ama, que trai, que perde, que insiste.
A escrita de Puyana é como uma faca de cozinha: afiada, cotidiana, e ainda assim capaz de cortar fundo. Ele costura passado e presente, narrativas íntimas e contextos históricos com a habilidade de quem entende que a liberdade nunca é um prato pronto — ela é preparada aos poucos, entre perdas e escolhas, entre silêncios e gritos abafados.
Me peguei respirando fundo várias vezes, como quem tenta digerir uma verdade difícil de engolir. A obra não faz concessões. Ela te encara de frente. E em cada personagem há uma pergunta que a gente precisa responder: o que você sacrificaria pela liberdade?
Ler esse livro é se sentar à mesa com fantasmas. É ouvir o tilintar dos talheres de quem já foi calado, de quem ainda espera justiça, de quem sobreviveu para contar. E é também, paradoxalmente, um convite para celebrar — não com euforia, mas com dignidade — a resistência daqueles que, mesmo com medo, seguiram cozinhando o amanhã.
No fim, Freedom is a Feast me lembrou que a memória é um ato político. Que a literatura, quando bem feita, pode ser uma arma. E que escrever é, muitas vezes, a forma mais poderosa de não morrer.
DICAS DA MIH
Deixo aqui outros livros com a mesma temática e que podem te encantar também :)
Chile, México, poesia, juventude e revolução.
Um romance explosivo que, assim como Puyana, mistura ficção e memória, juventude e ditadura, arte e caos. Bolaño vai fundo na busca por sentido num mundo esfarelado. É uma jornada literária intensa, que te faz sentir parte de uma geração que sonhou alto — e caiu feio.
Ditadura na República Dominicana, culto à personalidade e os fantasmas do poder.
Se Freedom is a Feast fosse um banquete, esse aqui seria o prato principal indigesto da história latino-americana. Llosa reconstrói, com uma escrita tensa e envolvente, os últimos dias do ditador Trujillo. Um clássico que não economiza na crítica e na humanidade.
México, manicômio, marginalidade e amor impossível.
Não é um livro “sobre política” no sentido tradicional, mas é sobre os corpos e mentes que ela devasta. Um romance belíssimo, entre a loucura e a lucidez, com uma prosa que parece música triste — perfeita pra quem aprecia narrativa com dor, beleza e crítica social.
Quênia, colonialismo, prisão e escrita como resistência.
Este romance magistral trata do difícil processo de independência do Quênia, e das dúvidas e lealdades que cada um leva consigo. Um grão de trigo narra eventos marcantes da história africana, com personagens humanos, hesitantes e passionais, mas capazes de grandes feitos.










Comentários