Baratas | Resenha ☆☆☆☆
- Mih Moraes

- 2 de fev.
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de mar.
Ao mergulhar em Baratas, fui tragada por uma narrativa que pulsa com dor, memória e resistência. Este não é apenas um livro sobre o genocídio de Ruanda; é um testemunho visceral, onde as palavras de Scholastique Mukasonga são carregadas de um luto quase tangível.
A autora nos guia pelas cicatrizes de sua infância e adolescência, vividas sob a sombra da perseguição aos tutsis. Ela desenha um retrato íntimo de sua família, especialmente de sua mãe, Stefania, cuja força e ternura iluminam as páginas. No entanto, o livro não é uma elegia tranquila – é um grito de alerta, um convite a encarar a brutalidade do que aconteceu.
O que mais me tocou foi a forma como Mukasonga escreve com tanto amor por aqueles que perdeu, mesmo enquanto denuncia a desumanidade que os arrancou de sua vida. Ela nos faz lembrar que, por trás das estatísticas, há histórias, nomes, risos e sonhos.
Ler Baratas não é fácil. A cada página, senti-me desafiada a confrontar o meu próprio privilégio, o meu desconhecimento, a fragilidade da vida. Mas, ao mesmo tempo, foi uma experiência transformadora. A escrita de Mukasonga é ao mesmo tempo dolorosa e bela, carregada de um lirismo que parece quase contraditório diante da tragédia que ela relata.
Se você busca uma leitura que vá além da superfície, que te provoque e te conecte com a história de um povo e a força de uma mulher, Baratas é essencial. É o tipo de livro que permanece em você, reverberando muito depois de fechado.
Dicas da Mih
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