Cem anos de solidão | Resenha ☆☆☆☆
- Mih Moraes

- 12 de fev.
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de mar.
Revisitar Cem Anos de Solidão é como voltar a uma casa antiga, onde cada cômodo guarda uma lembrança esquecida e cada objeto carrega a poeira do tempo e da fantasia. A obra-prima de Gabriel García Márquez não é apenas um livro, mas um feitiço literário que nos transporta a Macondo, esse lugar que é todos os lugares e, ao mesmo tempo, nenhum.
Ler essa história mais de uma vez é redescobrir os Buendía, seus amores, suas tragédias e suas obsessões, mas com outros olhos. Na primeira leitura, fui tomada pelo deslumbramento da magia, pelo realismo fantástico que transforma o comum no extraordinário. Na releitura, a magia continua, mas o que me toca é a solidão que permeia gerações, a repetição inexorável dos destinos e a beleza melancólica de um povoado fadado ao esquecimento.
Cada personagem, de José Arcádio a Úrsula, de Aureliano a Remedios, a Bela, é uma centelha de humanidade moldada pela paixão, pela busca de sentido e pelo fardo do tempo. As guerras, os amores impossíveis, os fantasmas que insistem em permanecer: tudo se entrelaça em um tecido narrativo tão belo quanto efêmero, como a própria vida.
Na releitura, percebi detalhes antes despercebidos: a força inquebrantável de Úrsula, que parece carregar Macondo nas costas; a ternura oculta em atos silenciosos; a inevitabilidade de um destino já escrito, como se todas as gerações estivessem dançando sob um céu que já as condenou.
Se na primeira leitura me deixei levar pela fúria e pela fantasia, na segunda me permiti sentir a melancolia do tempo que passa, da memória que se apaga e do círculo inquebrantável da história humana. Cem Anos de Solidão é um livro que se transforma conforme o leitor muda. E ao fechá-lo mais uma vez, ficamos com aquela sensação agridoce de quem testemunhou algo sublime e efêmero, como a própria Macondo, levada pelo vento do esquecimento.
E você já leu, me conta como foi a sua experiência :)
Dicas da Mih
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Uma jornada épica pelo sertão brasileiro, com uma prosa inventiva e reflexões filosóficas sobre a vida, a guerra e o amor.
Provavelmente a recomendação mais próxima, pois Allende se inspira fortemente em García Márquez para contar a saga de uma família chilena marcada por amor, política e elementos mágicos.
Um clássico da literatura mexicana, com uma atmosfera onírica e um protagonista que busca respostas em um vilarejo repleto de fantasmas do passado.
Faulkner influenciou muito García Márquez, e sua forma fragmentada de contar a história da decadente família Compson lembra o destino dos Buendía.










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