Célia é quem não viu | Resenha
- Mih Moraes

- 30 de mar.
- 3 min de leitura
“Célia é Quem Não Viu”, de Ricardo Santos David, é um audiobook que nos leva por um caminho cheio de emoção e reflexão. Desde o início, a narrativa se destaca pelo estilo intimista, que nos permite mergulhar nas experiências de Célia, uma mulher cheia de nuances, dúvidas, alegrias e desafios.
A história é, ao mesmo tempo, um convite à introspecção e um retrato de uma realidade vibrante e complexa. A voz do narrador, com seu timbre envolvente e cadenciado, vai nos conduzindo pelas entrelinhas da vida de Célia, uma personagem que representa tantas mulheres reais, com seus altos e baixos, suas vitórias silenciosas e suas perdas profundas. E o fato de ser um audiobook faz com que a experiência seja ainda mais visceral: o ritmo da voz, a intensidade de cada palavra, tudo se transforma em uma espécie de confissão, uma aproximação direta e pessoal do que é ser Célia.
O autor consegue, de forma magistral, construir um enredo que é ao mesmo tempo simples e profundo. A vida de Célia não é extraordinária, mas é cheia de camadas que, à medida que vamos escutando, revelam-se repletas de significados. O tema central de Célia é a busca pela identidade e a aceitação de si mesma, algo que ressoa de maneira forte para todos nós, que, em algum momento, já buscamos entender nosso lugar no mundo.
O audiobook também toca em questões sobre relações interpessoais, a mulher no contexto social, e como o tempo molda a percepção de nossas próprias escolhas. O impacto de Célia vai além da narrativa; ele fica com a gente, se mistura aos nossos próprios sentimentos e nos faz pensar na forma como lidamos com nossos próprios desafios e escolhas. A produção tem um equilíbrio perfeito entre a narrativa e os momentos de pausa, permitindo que a mente absorva e processe cada palavra, cada frase. É como se a história fosse sendo dita diretamente ao nosso ouvido, criando uma conexão única com a personagem e suas experiências.
O final do audiobook é uma espécie de despedida suave, mas com a sensação de que algo foi conquistado. Não é o tipo de história que oferece respostas fáceis, mas é a história que nos deixa mais reflexivos, mais conscientes de que, como Célia, todos nós estamos, de alguma forma, buscando algo em nossa jornada.“Célia é Quem Não Viu” é um audiolivro que toca o coração e que faz refletir sobre a vida, os relacionamentos e a eterna busca por nós mesmos. Uma experiência única para quem aprecia uma narrativa sensível e profunda.
Dicas da Mih
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Um clássico poderoso que mergulha nas lutas de Celie, uma mulher negra no início do século XX, que busca sua voz e liberdade em um mundo cheio de opressões. A história é crua, tocante e cheia de emoção, tratando da autoaceitação, identidade e das complexas relações humanas. Se você se conectou com a busca pessoal e emocional de Célia, essa obra certamente vai mexer com você.
Este livro é uma profunda reflexão sobre identidade e a luta das mulheres em um mundo totalitário. A protagonista, Defred, narra sua luta por sobrevivência e sua tentativa de preservar uma identidade dentro de uma sociedade opressiva. A escrita de Atwood é intensa e envolve o leitor em questões de liberdade, escolha e resistência, temas que vão ressoar com quem gostou de Célia é Quem Não Viu.
Uma obra que explora a identidade sexual, o desejo e a busca pelo eu, com uma escrita revolucionária e desafiadora. Embora o tom seja mais experimental, a busca de Burroughs por liberdade pessoal e identidade é algo que pode ser bem interessante para quem se conectou com a ideia de autodescoberta e conflitos internos de Célia é Quem Não Viu.
Uma obra poética e filosófica que mistura pequenas histórias, reflexões e fragmentos que abordam a vida, a memória e a identidade. Galeano consegue, com delicadeza, explorar questões profundas de existência e sentimentos humanos, algo que pode tocar quem se conectou com a profundidade emocional do livro de Ricardo Santos David.










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