Jantar secreto | Resenha ☆☆☆☆
- Mih Moraes
- 16 de abr.
- 2 min de leitura
"Jantar Secreto", de Raphael Montes, é uma leitura para os fortes — e talvez até praqueles que já perderam um pouco da fé na humanidade. A trama acompanha quatro amigos do Sul que se mudam para o Rio de Janeiro em busca de uma vida melhor.
Mas entre boletos vencendo e sonhos ficando pelo caminho, eles decidem apostar numa ideia ousada demais pra ser inofensiva: organizar jantares secretos para a elite carioca. O detalhe? O ingrediente principal é algo que a gente nem ousa nomear.
Raphael Montes não escreve com caneta, ele escreve com bisturi. Cada capítulo é uma incisão precisa na carne da hipocrisia humana. A narrativa é ágil, ácida, incômoda — daquelas que a gente lê com os olhos arregalados, às vezes sem nem perceber que está prendendo a respiração. O desconforto é proposital, e é justamente aí que mora a genialidade. A leitura provoca, desestabiliza e faz pensar: até onde alguém iria por dinheiro? Quem são os verdadeiros monstros da história? E, o mais inquietante, será mesmo que essa ficção é tão distante da nossa realidade?
“Jantar Secreto” é uma experiência visceral. Te faz fechar o livro, olhar pro teto e digerir mais do que só a trama — digerir o que ela diz sobre nós, sobre o mundo, sobre os apetites disfarçados de sofisticação.
Montes entrega um thriller psicológico com sabor de crítica social, desconstruindo o glamour da elite gourmet com uma narrativa que é ao mesmo tempo elegante e brutal. Não é uma leitura confortável, mas é absolutamente inesquecível.
DICAS DA MIH
Deixo aqui outros livros com a mesma temática e que podem te encantar também :)
Se a pessoa curtiu o estilo do autor, essa é a porta de entrada pro universo mais sombrio e folclórico do Montes. Aqui ele brinca com sete contos interligados, cada um baseado em um pecado capital. É macabro, envolvente, e com aquele jeitinho dele de fazer a gente terminar o livro com cara de “o que foi isso que eu li?”.
Um clássico perturbador. A história de um homem obcecado pelo cheiro perfeito. O detalhe é que ele descobre esse cheiro… nas pessoas. É literário, tenso, grotesco e profundamente sensorial. A escrita é tão poderosa que quase dá pra sentir os cheiros descritos. Ideal pra quem gosta de mergulhar num personagem totalmente fora da curva moral.
Aqui a crítica social vem com porrada — literalmente. Um protagonista sem nome, sufocado pela rotina capitalista, cria um clube secreto de lutas como forma de catarse. Mas o buraco é muito mais embaixo. Caótico, violento e genial, esse livro também questiona os limites da identidade, da masculinidade e da sanidade.
Esse aqui é um prato cheio pra quem ama um bom jogo psicológico. Casamento, segredos, manipulação e uma mulher desaparecida. Flynn desconstrói relações, revela podridões escondidas atrás de sorrisos e entrega uma protagonista inesquecível. É daqueles livros que a gente termina e pensa: “quem é o vilão mesmo, hein?”
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