Resenha Swiming to Lundy – Uma Jornada de Cura com Amanda Prowse
- Mih Moraes

- 27 de nov.
- 2 min de leitura

Swiming to Lundy - Uma Travessia de Dor, Amor e Descoberta
Minha nota: ★★★★☆
Autora: Amanda Prowse
Gênero: Ficção Contemporânea / Drama Emocional
Editora: Lake Union Publishing
Páginas: 408
Ideal para: leitores que amam histórias sobre recomeços, vínculos familiares e superação emocional.
Antes de começar… Um livro que mergulha fundo onde as palavras tocam o que o coração tenta esconder.
Existe algo especial nos romances que começam na beira do mar. “Swiming to Lundy”, de Amanda Prowse, é justamente esse tipo de livro: salgado, profundo, cheio de vento frio no rosto e, ao mesmo tempo, quente no que importa. Aqui, o coração da história é Tawrie Gunn — e acompanhar sua jornada é como mergulhar em águas que a gente sabe que vão doer, mas também vão curar.
Tawrie passou a vida inteira em Ilfracombe, cidade marcada pela perda do pai, levado pelo mar anos antes. É uma dor que molda seus dias e que também afeta sua mãe e sua avó, mulheres fortes, porém feridas. Cada uma tenta sobreviver ao próprio luto, e é nessa dinâmica familiar que o livro encontra terreno fértil: o silêncio que machuca, o cuidado torto, o amor que às vezes pesa mais do que acolhe.
Quando Tawrie decide se juntar às “Peacock Swimmers”, o enredo realmente ganha fôlego. A natação em mar aberto não é só pano de fundo: é parte essencial do processo de reconstrução emocional. Em cada braçada, a protagonista enfrenta não apenas o oceano gelado, mas também a memória do pai, a culpa que carrega e o medo de se permitir sonhar de novo. E convenhamos: poucas metáforas são tão bonitas quanto a de alguém reaprendendo a nadar por dentro e por fora.
A aparição de um homem misterioso — sim, o da camisa de linho rosa mencionada na sinopse — adiciona camadas interessantes à trama. Ele não está ali para “salvar” ninguém, mas para provocar Tawrie a olhar para um futuro possível. O romance é suave, contido, quase tímido, e isso funciona muito bem, porque a história nunca deixa de ser sobre Tawrie e seu próprio vazio.
Enquanto isso, a comunidade das Peacock Swimmers entra como o contraponto luminoso: mulheres reais, diferentes, quase sempre imperfeitas, mas incrivelmente solidárias. A relação delas com Tawrie é um dos elementos mais gostosos do livro. É aquela sororidade sem glitter — prática, sincera, às vezes bruta — que vai construindo o espaço onde ela pode finalmente respirar.
O cenário costeiro, especialmente o trajeto até a ilha de Lundy, potencializa todo o drama interno da personagem. A autora faz da ilha um símbolo de travessia: sair de onde dói para chegar onde algo novo pode nascer. E essa travessia nunca é fácil. Quem já enfrentou qualquer luto sabe que a maré sobe e desce sem pedir licença.
No fim, o que fica é a sensação de que acompanhar Tawrie é caminhar junto com alguém que tenta sobreviver com o que sobrou — e que, aos poucos, descobre que ainda pode ter muito pela frente. Uma leitura que toca porque não promete milagres, mas oferece algo melhor: verdade.









Comentários