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Línguas | Resenha ☆☆☆☆

Domenico Starnone é um mestre em capturar as complexidades das relações humanas, e em Línguas ele faz isso com a precisão de um cirurgião e a sensibilidade de um poeta. Esse livro não é apenas sobre a comunicação verbal, mas sobre tudo aquilo que dizemos sem falar e sobre as palavras que, uma vez lançadas, nunca podem ser recolhidas.


capa do livro Linguas Domenico Starnone

A trama gira em torno de uma relação carregada de tensão e afeto, onde as palavras assumem um peso quase físico. Starnone tem um talento raro: ele nos insere na intimidade dos personagens de uma forma tão crua que nos sentimos quase intrusos, ouvindo conversas que não deveríamos. O livro trata de segredos, de códigos compartilhados e, principalmente, do poder destrutivo e redentor da linguagem.


Se você já leu Laços ou Segredos, vai reconhecer a atmosfera de Línguas: aquele misto de nostalgia e desconforto, de ternura e brutalidade. Starnone não entrega respostas fáceis, mas nos obriga a refletir sobre as palavras que usamos para amar, para ferir e para nos proteger.


O livro é curto, mas não se engane: ele pesa. Cada frase parece milimetricamente calculada para gerar impacto. É um romance sobre amor e ressentimento, mas também sobre o que fica subentendido quando duas pessoas compartilham uma vida – ou uma parte dela.


Ao fechar Línguas, fiquei com aquela sensação incômoda e deliciosa de ter lido algo que mexeu comigo de um jeito inesperado. Não é um livro que se devora; é um livro que se mastiga devagar, sentindo cada nuance, cada silêncio, cada palavra. Se você gosta de histórias que exploram as entrelinhas das relações humanas, Starnone mais uma vez entrega uma narrativa brilhante e sutilmente devastadora.


Dicas da Mih

Deixo aqui outros livros com a mesma temática e que podem te encantar também :)


Se você ainda não leu, vale muito a pena. Laços é uma obra que também joga com as complexidades do amor e do relacionamento familiar. A narrativa é um jogo entre o passado e o presente, construindo uma tensão silenciosa e cheia de nuances entre os personagens, especialmente em torno da figura dos pais e filhos. O estilo de Starnone aqui se aproxima de uma conversa íntima, cheia de ambiguidades.


Em O Amante, Duras explora uma relação cheia de tensão e desejos não ditos. A história se passa em uma Indochina colonial e, como Línguas, lida com o poder das palavras e dos silêncios em um amor que não pode ser plenamente expresso. É uma narrativa intensa, onde o não dito pesa tanto quanto o falado.


Esta é uma das obras mais aclamadas de Ferrante e traz uma amizade cheia de tensão, segredos e silêncio. A relação entre Elena e Lila vai se desenrolando ao longo de anos, e o poder da comunicação, tanto verbal quanto não-verbal, é um dos grandes focos do romance. O livro mergulha na complexidade das emoções e como as palavras (ou a falta delas) podem moldar a vida de duas pessoas.


Embora seja mais focado na introspecção e nas reflexões sobre a vida, a obra de Barbery possui uma similaridade com Línguas na maneira como os personagens são profundamente complexos e as relações entre eles são mais por implicações do que pela comunicação direta. É um livro que te faz pensar sobre o que não é dito, mas também sobre as pequenas revelações que transformam as histórias.


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