Mata doce | Resenha ☆☆☆☆

Mih Moraes
21 de fev.
2 min de leitura

Atualizado: 30 de mar.

Alguns livros nos envolvem como uma conversa íntima ao pé do ouvido, enquanto outros nos agarram pelo pulso e nos arrastam para dentro de suas páginas. Mata Doce, de Luciany Aparecida, é um daqueles que fazem as duas coisas ao mesmo tempo: sussurra segredos e grita verdades.

Logo nas primeiras páginas, somos apresentados a um universo onde a dureza da vida no campo se entrelaça com a doçura das relações humanas. A escrita de Luciany tem cheiro de terra molhada, gosto de café forte e o peso das memórias que se recusam a morrer. A narrativa nos leva a um pequeno vilarejo, onde a protagonista – uma mulher marcada pelo passado – precisa enfrentar suas dores para seguir adiante.

O que mais me tocou foi a forma como a autora constrói seus personagens. Cada um deles carrega consigo uma história própria, um fardo invisível, mas palpável. Não há vilões óbvios ou mocinhos idealizados, apenas pessoas falhas, intensas e humanas demais. E isso torna tudo ainda mais real.

A ambientação é um espetáculo à parte. A descrição da mata, das casas simples, do ritmo das estações… tudo cria uma atmosfera sensorial poderosa. Me peguei sentindo o calor do sol batendo na terra, ouvindo o farfalhar das folhas e o murmúrio das águas. É um livro que não só se lê, mas se sente.

O desenrolar da trama é tão delicado quanto brutal. Há dor, há luto, mas também há esperança e renascimento. Em muitos momentos, precisei fechar o livro e respirar fundo, absorvendo a intensidade das palavras. Luciany tem o dom de transformar sentimentos em poesia, sem nunca perder o tom de verdade.

Se você gosta de histórias que emocionam sem forçar lágrimas, que abraçam sem sufocar e que deixam uma marca sem precisar gritar, Mata Doce é um livro que precisa estar na sua estante – e, mais importante, no seu coração.