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Mau Hábito | Resenha ☆☆☆☆☆

Mau Hábito me atravessou. Me leu, me escancarou, e depois me acolheu com a força e a ternura que só quem viveu o peso da exclusão pode oferecer. Mais do que um romance de formação — é uma travessia intensa, íntima e corajosa. Alana Portero me pegou pela mão e me levou pelas ruas e becos da infância trans numa Espanha conservadora, e principalmente, por dentro de uma alma que pulsa com verdade, fúria e beleza.


Livro Mau hábito de Alana Portero

A protagonista dessa história cresce em um bairro operário de Madri, onde o concreto é duro e a vida mais ainda. Numa época em que ser uma menina trans era praticamente um convite ao constrangimento público, à vergonha imposta e ao silenciamento forçado, ela ousa existir. Ousadia essa que é, por si só, um ato revolucionário.


Alana escreve com um lirismo cortante. Cada palavra tem uma dignidade imensa — mesmo quando fala da dor, da pobreza, da violência simbólica e literal. A infância da personagem é marcada por uma constante negação de si mesma, e ainda assim ela encontra brechas para sonhar, para amar, para desejar. Tudo isso enquanto o entorno tenta, a todo momento, apagá-la.


O livro não romantiza a marginalização, mas também não se rende ao desespero. Ele é duro, mas não cruel. Ele mostra como a beleza pode sobreviver, mesmo quando tudo parece querer arrancá-la pela raiz.


Eu terminei Mau Hábito com o peito apertado e cheio de respeito. Respeito por Alana, por sua escrita, e por todas as pessoas que — como a protagonista — seguem firmes, mesmo quando o mundo insiste em negar sua existência.


Leitura obrigatória pra quem quer entender o que é crescer à margem e, mesmo assim, fazer da própria vida um grito de liberdade.


DICAS DA MIH

Deixo aqui outros livros com a mesma temática e que podem te encantar também :)


é um manifesto polifônico que ilumina as diversas experiências, desafios e a resiliência das pessoas trans no Brasil, clamando por reconhecimento, respeito e direitos em uma sociedade marcada pela transfobia.


é uma tocante e íntima jornada autobiográfica de João Silvério Trevisan, explorando as complexas relações familiares, a descoberta da homossexualidade e a construção da identidade em um Brasil em transformação.


desnuda as falhas de um sistema judicial que enxerga corpos trans como ameaça, não como vítimas — e nos faz perguntar: para onde realmente apontam os olhos da justiça?


entrega uma protagonista trans que não quer ser explicada — quer sobreviver, errar, pensar e existir fora das caixinhas, num road trip literário tão brutal quanto libertador.


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