O segredo do Oceano | Resenha ☆☆☆☆
- Mih Moraes
- 18 de abr.
- 2 min de leitura
Sabe aqueles livros que nos atravessam como um canto ancestral, vindo das profundezas do tempo e do mar? O Segredo do Oceano fez isso comigo. Logo nas primeiras páginas, fui levada por uma força que não era só narrativa: era espiritual. Natasha Bowen não escreveu apenas um livro — ela ergueu uma ponte entre o mundo visível e o invisível, entre a dor histórica do povo negro e a magia que nunca nos abandonou, mesmo quando tentaram apagá-la.
A protagonista, Simi, é uma mami wata, uma entidade aquática que carrega a missão de guiar almas perdidas do oceano. Mas sua jornada vai além do mito: é também uma travessia de descobertas, de rupturas e reconstruções. Me vi em Simi — em sua força, em sua dúvida, em sua urgência por pertencer, mesmo sendo parte de dois mundos.
O mais lindo é como a autora costura elementos da mitologia africana com um enredo que pulsa de humanidade. Tem ação, tem fantasia, mas também tem alma. Tem ancestralidade. E tem um chamado.
Ler O Segredo do Oceano é mergulhar na memória do povo preto, nas águas que choraram nossos mortos e cantaram nossa resistência. É lembrar que somos feitas de histórias que sobreviveram, mesmo quando arrancadas do chão de origem.
Terminei o livro com os olhos marejados e o coração inundado de reverência. É daqueles que não se lê apenas — se sente, se honra, se indica pra todo mundo que precisa lembrar da sua própria profundidade. Recomendo com força. E aviso: depois dele, você nunca mais vai olhar o mar da mesma forma.
DICAS DA MIH
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Se O Segredo do Oceano é um mergulho, essa trilogia é um furacão. Inspirada na mitologia iorubá, a história segue Zélie, uma jovem guerreira que luta para trazer a magia de volta ao seu povo. A escrita é visceral, o enredo é eletrizante e o pano de fundo é todo afrocentrado. Um grito de resistência em forma de fantasia.
Apesar de não ter a mesma origem cultural, esse livro ecoa com O Segredo do Oceano na forma como revisita mitos antigos com uma pegada poética e profundamente humana. Aqui, o foco é na relação entre Aquiles e Pátroclo, com um lirismo que emociona. É o tipo de leitura que dá um nó gostoso no peito.
Uma fantasia com protagonista feminina forte, dilemas morais, romance proibido e uma pitada de crítica social. Pra quem gostou da mistura de fantasia com emoções reais em Natasha Bowen, esse livro também entrega tudo — mas com bruxas, magia sombria e uma ambientação que flerta com o misticismo europeu.
Agora vamos pra casa: esse é BR! Uma série que mistura mitologia iorubá com a vida contemporânea de um jornalista brasileiro. É ágil, moderno e cheio de referências aos orixás, aos arquétipos afro-brasileiros e ao sincretismo. Ideal pra quem curte ler algo enraizado na nossa terra, mas com pegada mística e épica.
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